Entre Telas
No confinamento em que vivemos nas cidades, a janela é o elemento que dá consciência da relação com um exterior. E a televisão, este outro tipo de janela, ao tentar trazer o mundo pra dentro de casa, parece ampliar a solidão. Mas a mesma televisão que aliena, também reflete. Afinal, o que está dentro e o que está fora? O que é realidade e o que é ficção? O sol que entra, banha o ambiente de exterior. Assim, estabelecendo um diálogo com a pintura de gênero do séc XVII, onde a janela é a fonte de luz que ilumina a cena cotidianas, temos aqui também imagens em tela, mas não de pintura, em tela de televisão. Através do reflexo, é produzido um autorretrato que, coerente com o mundo contemporâneo, busca na mediação das telas a sensação de realidade e o registro da intimidade.